terça-feira, 22 de março de 2011

Corta Essa!

Larguei de mão de ser poeta. Tá louco! Cansei de ficar me fazendo de vítima, de transformar o que vivo em coisa bonita, em coisa que mexe. O que vivo me mexe, o que amo me faz mexer, "amor é tudo que move", não é, Gilberto Gil?

Corta essa: decidi viver sem poesia. Faço prosa, prosa, prosa. Tá, eu sei. Prosa poética, né Carpinejar? Deixei de fazer poemas, então. Larguei essa de grande amor. Faço o que passo ser maior ainda por poder enfiar lirismo em tudo que vejo, mas optar ser um pouco cego. É aquela história de perceber o bem só depois que o perdemos. É a vontade de não saber, meu Foucaultzinho.

Não dava mais: decidi viver a minha melancolia e não fazer de conta que a superei. Fui fundo, mais até do que deveria, pra cortar o treco pela raíz. Não dava mais pra mascarar tanto sentimento com um poema, por mais potente que fosse. Não, eu ter ficado mal a semana toda não me levou a nada, não me fez tão maior assim. Rafael Sonic sempre me lembra o quão grande que é ser pequeno, e isso me inspira.


Não, deixar de ser poeta não dá. Mas como se é fotógrafo mesmo sem uma câmera, eu estou sendo um poeta sem poesias. Minha rima fica ali no torpedo SMS de boa-noite; minha métrica, no fim-de-semana tão aguardado; meus versos não se formam quando estou de pé, no trem, e minhas estrofes... Quem precisa de estrofes? Talvez eu tenha as abandonado. Nunca fui muito de lirismo comportado, assim como meu amigo Bandeira.

Bah, que chato. Isso é verdade: com os textos acadêmicos que tenho lido e escrito, peguei a "mania" de citar o autor de toda ideia que exponho. Justo. Justo e chato. Mas é prosa, então tá valendo.

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