Sabe, vendo tantos acidentes, tantos "casos" e episódios acompanhados nacionalmente pelos meios de comunicação, como o do Air France da semana passada (Que ninguém mais quer saber) com detalhamentos mais do que diários, é difícil, para mim, não perguntar "mas de onde? De onde vem tanta curiosidade sobre assuntos que não vão te afetar e que você não têm nenhuma responsabilidade, enquanto tantos outros, muito mais mutáveis, passam despercebidos?"
Primeiro, me vem a palavra-régia da sociedade: Paranóia. Pessimismo. Lei de Murphy. "Se caiu um avião, não viajo mais porque vai ser naquele que eu andar que vai dar problema. Vamos ver a desgraça alheia, vamos nos comover (Afinal, nossa vida é tão sem graça), vamos nos sentir confortáveis, vamos culpar e julgar os donos das grandes empresas, o motorista, o técnico."
Segundo, acredito numa pessoa que, nas páginas amarelas da Veja, disse que a família, quanto instituição, está mais forte do que nunca, ao contrário das aparências. Antes, a motivação das guerras era a religião, a nação, enquanto hoje é a segurança de sua família. Na mesma entrevista, exemplificou com tamanha comoção com o caso "Isabella", que, junto ao de João Hélio, mobilizaram o país todo.
Terceiro, e meio bizarro, é a minha teoria de que histórias de mistério estão em falta. Ou melhor, leitores de mistério estão em falta. Convenhamos, saber a que horas cada mensagem foi mandada pelo avião, qual "inverso" do avião estava funcionando e quem foram as vítimas são processos típicos de uma história de mistério. Não que não haja a vontade das pessoas de resolver estes casos, e sim a falta de hábito de ler obras ou assistir filmes sobre isso. É desse sentimento que vem o sucesso das séries Lost, House, CSI...
Eu não leio sobre estes assuntos. Me recuso. Fico sensibilizado, claro, mas mais perplexo com onde o ser humano pode chegar: O egoísmo do atroz de João H
élio ao não parar o carro, a violência desmedida do pai e madrasta de Isabella, um simples erro num motor que leva a tamanha catástrofe.
Já aproveitando, mostro o outro lado da moeda: Nas enchentes que houve em Santa Catarina e nos diversos acidentes de carro que há nas estradas vejo a solidariedade. No 1° caso, é bom ver que há gente que se importa mais do que com seu quintal, doando alimentos e roupas aos desabrigados. Isto é fazer a diferença, ainda que sutil. É mudar a realidade.
Nos acidentes, no entanto, acredito que as pessoas diminuem a velocidade para ver o acidente primeiro pela curiosidade, e, mesmo que inconscientemente, pela situação de sofrimento e perigo de seu igual. Não percebem que, na verdade, como a ambulância já chegou, não há nada a fazer a não ser seguir em frente e não causar mais engarrafamento.
É, o mundo não para. Cada vez ele gira mais rápido, cada vez o tal de Álvarto de Campos tem mais razão. Essa parte do jornalismo eu acho podre: "Informar" o povo para que os Joões Hélios não fiquem esquecidos. Ora, não até o astro do pop morrer(Nada contra ele, que Deus o tenha) ou a Cicarelli transar na praia. E a ação, quando começa??