sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Uma nova padaria

Hoje, eu conheci uma padaria nova. Hoje, eu fiz uma surpresa para minha melhor amiga. Hoje, eu tomei banho às 2 da tarde, fiz a barba e me ajeitei – foi para uma garota, que nem me deu atenção. Fiz a minha parte, e continuei dançando e cantando aos ventos desta cidade em que piso, a minha cidade. Desbravei a história dos primeiros anos da República do meu país, falei de filmes com a minha tia e almocei com a minha mãe. Hoje, eu conheci uma pessoa nova.

Jean-Honoré Fragonard,
O balanço
(1766)

Hoje, eu conheci uma nova padaria.

15.10.2009

sábado, 5 de setembro de 2009

Estilo de Alienação Norte-Americana


Estava eu lendo Ensaio Sobre a Cegueira do gênio Saramago, depois de assistir a uma aula instigante com relação ao Processo de Formação dos Estados Unidos, e me deparei com a seguinte frase de um personagem do livro: a cegueira não é tão diferente de ver quando todos nós estamos cegos.


Eu, e todas as crianças da minha geração, cresci num mundo onde comer Mc Donald's era a coisa mais maravilhosa de se comer. Cresci num mundo onde a população do meu país queria um American Way of Life, enquanto eu queria saber como é o Brazilian Way of Life. Nunca fui patriota, mas sempre defendi o que era "meu" ou o que tinha de ser "meu". Eu não quero fazer um post patriótico e nem hipócrita, uma vez que o Brasil não tem muitas cotas de defesa perante a outros do mundo, mas só quero refletir acerca de uma coisa: o que estamos fazendo e como estamos pensando? hey you...


Num microcósmos não tão distante, já canso de ouvir as pessoas dizendo "ah, que país cheio de hipocrisia", "que mundo sem personalidade", mas será que não somos nós todos assim? para que culpar algo maior se ele é formado de pequenas partículas que mal sabem questionar a si mesmos, que mal param para olhar no espelho para ouvir o que o espelho da sua consciência realmente diz? que são influenciadas por tudo e todos, que não tomam suas próprias atitudes, que precisam consultar todos os outros para decidir o que fazer no futuro? and hey you... don't tell me that's no hope at all... don't give up without a fight.


togueter we stand, divided we fall.

Don't you know that today is a Great day for Freedom?



Podre mas, Mell.

sábado, 22 de agosto de 2009

Soneto XIII

Bom, vou começar fazendo um link com o último post aqui do blog - não o meu último, mas sim aqule sobre a mídia. A questão é que o mundo inteiro enlouqueceu de vez. Não se fala sobre outra coisa na rua, o assunto está presente em todas as mesas, na hora do almoço e do jantar, na televisão ligada o dia todo, nos jornais, nos átomos de qualquer matéria. Estou me referindo a... PAN PAN PAN PÃÃÃN *rufam os tambores*... óbvio, Gripe do Porquinho, ê! Poderia discursar páginas e páginas sobre a atual pandemia, falando desde as mudanças no nosso cotidiano, passando pelas consequências políticas e econômicas da situação e finalizando espetacularmente com a Teoria da Conspiração Suína. Contudo, eu juro que não vou fazer isso. Estou passando essa responsabilidade pros meus colegas que aqui também postam, aqueles que são mais políticos, conscientizados e revolucionários que eu.
Ao invés disso, vou me ater a um soneto (lindo, lindo, lindo) e, obviamente, Parnasiano. Porque não existe nada que se encaixe melhor nessa situação de caos mundial do que um belo poema completamente alienado aos problemas da atualidade e do resto do universo. E, claro né, nada mais a minha cara =). Aproveitem aí.

XIII

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

Olavo Bilac


terça-feira, 30 de junho de 2009

Ah, a Mídia...

Sabe, vendo tantos acidentes, tantos "casos" e episódios acompanhados nacionalmente pelos meios de comunicação, como o do Air France da semana passada (Que ninguém mais quer saber) com detalhamentos mais do que diários, é difícil, para mim, não perguntar "mas de onde? De onde vem tanta curiosidade sobre assuntos que não vão te afetar e que você não têm nenhuma responsabilidade, enquanto tantos outros, muito mais mutáveis, passam despercebidos?"

Primeiro, me vem a palavra-régia da sociedade: Paranóia. Pessimismo. Lei de Murphy. "Se caiu um avião, não viajo mais porque vai ser naquele que eu andar que vai dar problema. Vamos ver a desgraça alheia, vamos nos comover (Afinal, nossa vida é tão sem graça), vamos nos sentir confortáveis, vamos culpar e julgar os donos das grandes empresas, o motorista, o técnico."

Segundo, acredito numa pessoa que, nas páginas amarelas da Veja, disse que a família, quanto instituição, está mais forte do que nunca, ao contrário das aparências. Antes, a motivação das guerras era a religião, a nação, enquanto hoje é a segurança de sua família. Na mesma entrevista, exemplificou com tamanha comoção com o caso "Isabella", que, junto ao de João Hélio, mobilizaram o país todo.

Terceiro, e meio bizarro, é a minha teoria de que histórias de mistério estão em falta. Ou melhor, leitores de mistério estão em falta. Convenhamos, saber a que horas cada mensagem foi mandada pelo avião, qual "inverso" do avião estava funcionando e quem foram as vítimas são processos típicos de uma história de mistério. Não que não haja a vontade das pessoas de resolver estes casos, e sim a falta de hábito de ler obras ou assistir filmes sobre isso. É desse sentimento que vem o sucesso das séries Lost, House, CSI...

Eu não leio sobre estes assuntos. Me recuso. Fico sensibilizado, claro, mas mais perplexo com onde o ser humano pode chegar: O egoísmo do atroz de João Hélio ao não parar o carro, a violência desmedida do pai e madrasta de Isabella, um simples erro num motor que leva a tamanha catástrofe.

Já aproveitando, mostro o outro lado da moeda: Nas enchentes que houve em Santa Catarina e nos diversos acidentes de carro que há nas estradas vejo a solidariedade. No 1° caso, é bom ver que há gente que se importa mais do que com seu quintal, doando alimentos e roupas aos desabrigados. Isto é fazer a diferença, ainda que sutil. É mudar a realidade.

Nos acidentes, no entanto, acredito que as pessoas diminuem a velocidade para ver o acidente primeiro pela curiosidade, e, mesmo que inconscientemente, pela situação de sofrimento e perigo de seu igual. Não percebem que, na verdade, como a ambulância já chegou, não há nada a fazer a não ser seguir em frente e não causar mais engarrafamento.



É, o mundo não para. Cada vez ele gira mais rápido, cada vez o tal de Álvarto de Campos tem mais razão. Essa parte do jornalismo eu acho podre: "Informar" o povo para que os Joões Hélios não fiquem esquecidos. Ora, não até o astro do pop morrer(Nada contra ele, que Deus o tenha) ou a Cicarelli transar na praia. E a ação, quando começa??

sábado, 27 de junho de 2009

Domingo Teatral

Só pra constar que amnhã, domingo, às 11h da manhã vai ter um teatro na Redenção. Eu não tenho nenhum outro detalhe, mas me garantiram de que vale a pena. Então, fikdik.

E amanhã também, às 18h tem "Ensina-me a Viver", no Theatro São Pedro. Bilheteria lá. Acho que deveríamos todos combinar de nos encontrarmos ali no Centro a tarde, comprar os ingressos, assistir a peça e depois jantar macarrão. (mas como ninguém vai ler isso até amanhã, tudo bem xD) Qualquer coisa, me contatem pelo telefone 93583750.
Beijomeliguem ;@


(tenho consciência de que esse não é um post digno de "primeiro post", mas achei válido. Então deixo guardado aqui o meu "primeiro post", que farei em um futuro próximo... Beijos, meus amores *.* )

sexta-feira, 26 de junho de 2009

O dia 25 de junho foi mais marcante que eu imaginava. Enquanto eu aguardava ansiosamente pela hora do show de Caetano Veloso, tive a triste notícia que o Rei do Pop morrera. Desesperada, me ajoelhei no chão e não pude acreditar. Figuras lendárias como Michael Jackson não podem morrer , pensei e logo me respondi: mas elas nunca morrerão.
Agora torna-se mais evidente do nunca a importância dele para a música, para a dança, para a indústria cinematográfia e de videoclipes; para os fãs que aguardavam sua última turnê e para os outros que simplesmente acompanharam ao decorrer das décadas seu trajeto musical: desde os Jackson Five e até os eternos hits Billie Jean e Trhiller.Será lembrado não só pelos escândalos em que se envolveu ou pela eterna insatisfação com sua própria imagem física, mas pelo seu coração humanitário, de amor pelo próximo e de busca por um mundo melhor.Os jornais não páram de relatar,videoclipes antigos dele vêm à tona para relembrar seu legendário caminho que o fez único.
Após receber telefonemas, ontem de noite, de amigos desconsolados com a morte do Michael e de eu própria,desolada, já ter perdido a vontade de ouvir um sotaque baiano no Teatro do SESI, meu pai, numa atitude prudente e singular, ligou para o local e perguntou se ainda haveria o show diante de tamanha perda que o mundo acabava de presenciar. O show continuaria, como sempre. E nós iríamos, nos sentindo um tanto vazios. Com Caetano não seria diferente. Após cantar algumas composições suas de Zii e Zie, contou, um tanto sem jeito- pela primeira vez talvez Caetano não tivesse as palavras para aquele momento- que seu filho Tom chorara minutos antes do começo do concerto e seu outro, Zeca, o fizera prometer cantarolar Billie Jean com o violão em algum momento da apresentação. Como um tributo. O cantor e poeta, o tropicalista, com a voz cortada, hesitou e disse que talvez não conseguisse. Nós, platéia, com o peito apertado também, começamos a clamar por Billie Jean e, naquele segundo, meus olhos viram todos os músicos fazendo sua reverência ao grandioso e sonhador Jackson. A voz rachada de Caetano não agüentou toda a canção e nós também não. Pelo menos eu e minha mãe. Choramos, pois sentimos ali a realidade do que de fato ocorrera, no canto interrompido do artista.
Perdas assim são tão difíceis de se entender. Acho que nunca compreenderei a transitoriedade da vida.Apenas imagino que agora ele deve estar em paz.Sem medicamentos, sem a hipocondria e todos os distúrbios possíveis que o perturbaram ao longo dos seus 50 anos. Entretanto, para nós, Gone to Soon. Ele se foi cedo demais e agora, estamos perdidos sem um ídolo como ele.
Guardo um espaçinho aqui para falar sobre o Teatro do SESI e para Caetano Emanuel Viana Teles Veloso. Caetano combina perfeitamente com esse nosso teatro, que não conhecia até então; ele é moderno e lindo como o artista. Belíssimo. Sobre Caetano, só tenho a dizer, que sua irreverência e seu espírito de vanguarda sempre me surpreendem.Seu jogo de palavras, sua poética, sua combinação de ritmos nordestinos com os solos roqueiros de Pedro Sá, com a bateria impactante de Marcelo Calado e com os belíssimos acordes de Ricardo Gomes de Sá, ora no piano rhodes,ora no baixo tornam assistir caetano e a banda cê uma experiência transcedental. Crítico como sempre, não esquece de fazer referência ao problema dos direitos humanos em "Base de Guantánamo"; morador do Rio de Janeiro, não esquece de fazer sua ode de amor a Lapa em "Lapa", escancara os problemas sociais nd cidade maravilhosa em "perdeu" e entre tantas outras seus existencialismos e outros questionamentos que vão além de minha compreensão, emocionam. Enfim, todas são maravilhosas.
Saí com um gostinho de leveza e de saudades do Rio de Janeiro. Saudades da Bahia que nunca fui, saudades daquele calor brasileiro que parece tão distante agora nesse inverno recém-chegado. Espero que tenha contribuído com algo.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Para Começar....

Bem-Vindos!

Mellanie Dutra, Rodrigo Peroni e Flávia, a Carioca, trazem ao mundo um local para usar a cabeça fora da escola e o coração junto a outros. Digam o que vocês acham, critiquem e contrariem.

*

Fernando Pessoa, grande Fernando Pessoa! Descobri outro dia, vendo o currículo de Letras da UFRGS, que tem uma cadeira do 5° semestre de 4 créditos chamada Estudos Pessoanos. Descrição: "
A obra de Fernando Pessoa, ortônimo e heterônimos."
É de tremer, não? Mesmo decidido de que curso se quer fazer, imagine só acordar toda quarta-feira e ir pra aula estudar Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro! Algum dia ainda faço Letras, por enquanto continuo na minha Psicologia.


Os 10 poemas de Álvaro de Campos selecionados pela UFRGS como leitura obrigatória para o Vestibular são ótimos (Ainda faço um post só para eles). Mostram bem a melancolia e a insignificância do homem moderno, a mecanização do mundo.

*

Vai aí um que eu adoro,
assinado pelo próprio. Li no meu livrinho "Cancioneiro" enquanto esperava o Vestibular começar, dia 04 de janeiro desse ano.


NATAL

Nasce um Deus. Outros morrem. A Verdade
Nem veio nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma outra Eternidade,
E era sempre melhor o que passou.
Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.
Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.
Um novo Deus é só uma palavra.
Não procures nem creias: tudo é oculto.