O Ser-Sol é daquele tipo que brilha. Brilha mas faz todos brilharem também. Quando aparece, é sempre Sol, e te faz tão mais tu... Já a Lua é daquelas temperamentais: quando aparece, rouba a cena. Talvez nem seja seu desejo chamar tanta atenção, mas com tanta beleza é quase impossível ser discreta. Tão admirada, tão exaltada, mas tão teimosa. Pode desaparecer por uma semana inteira - e desapareçe mesmo - mas quando vem... Tantas vezes dizendo que tá se acostumando, que recém chegou; ou então que vai ter de ir, tem de fazer as malas, está de partida.
Se, no entanto, você fôr sortudo o suficiente para pegá-la em sua noite de sorte, é uma arrasa corações. Juras de amor por ela são feitas, sonhos e fantasias por ela são inspirados... Tão serena, tão bela, palida e adorável na imensidão da noite....
O Sol, por sua vez, nem sempre recebe o crédito pelo que faz. Ainda mais, nem todos gostam sempre que ele chegue. O problema com o tal Sol é que - nem todos sabem - ele tá em expansão. Sim, isso mesmo, numa expansão sutil que quase ninguém percebe. A cada dia ele fica maior e maior e, não espalha: chega um dia que todo império cai. Com o Sol também é assim: ambicioso, se pode ser dito. Quando ele se fôr, também, ninguém sabe o que vai fazer, mas isso ainda vai demorar pra acontecer.
Sutil assim só a Lua, que se afasta gradualmente de nós. Eu sei que tem dias que parece que ela está a um palmo, mas é só ilusão: é da sua natureza se distanciar. Talvez daqui a um bom tempo isso se note, porque por enquanto ela está aí, neste jogo de esconde-esconde que só a faz, cada vez, mais
O Sol é Pai, diz "vai!". Nos motiva a brincar na rua, a usar óculos-escuros e a se molhar. Já a Mãe Lua se preocupa com a gente: nos lembra que é hora de ir pra casa, dizendo "volta!". Isto quando não rouba a cena só pra ela. É sempre assim. É que todos gostam dela, até quem brilha ao seu lado: As estrelas.